Percebi há pouco que já não é tão simples juntar as palavras de forma harmônica e completar todo um pensamento. E já não é tão simples ter um texto como resultado de uma sobrecarga repentina de sentimentos. Percebi que a felicidade - atual estado de espírito em que me encontro – não é tão inspiradora quanto seu oposto. A tristeza sim faz as palavras brotarem, as rimas surgirem e os textos existirem. A tristeza sim faz o peito doer, os olhos chorarem e as mãos escreverem. E é na tristeza que tudo – certezas e dúvidas, versos e músicas – se encaixam e se criam. E o que mais vale? Ser feliz sem escrever, ou ser autor sem inspiração? Ah, que sofra então o meu eu-lírico tudo o que eu não quero sofrer, chore tudo o que não quero chorar e que lamente todas minhas mágoas e rancores. E que eu escreva, com a sua tristeza, os textos que me darão como autor a felicidade.
Lara
